A minha melhor fotografia

Mas é claro que os miúdos não foram colocados ali de helicóptero para a fotografia! Existe toda uma história por detrás e é isso que as tornam tão especiais.

Este ano de 2019 foi um ano de grandes aventuras para nós. Levámos a Madalena a Marrocos (ver artigo), fizemos uma viagem maravilhosa pelos Alpes (ver artigo) e pouco depois regressámos às origens com uma caminhada em autonomia pela Arrábida (ver artigo). E é claro que uma caminhada em montanha já andava a ser falada há um tempo só que havia sempre a questão de deixar as crianças. Elas não podiam vir. Então ficou para o final de 2019. Íamos nós mais os nossos amigos Tatiana e Tiago. Era o momento certo! Até já tínhamos o local, regressar onde estivemos 7 anos antes, a Ordesa, a primeira aventura de montanha da Ana (ver artigo)! Por várias razões, não podemos dar continuidade a este projecto e começámos a pensar numa actividade onde os nossos dois filhotes pudessem participar. O objectivo principal mantinha-se, neve! Mas será que com os pequenos também se consegue? Quando esta possibilidade se começou a formar tive de procurar o local perfeito para realizar a actividade, tendo em especial atenção as crianças. Acabei por escolher o Parque Nacional de Aiguestortes onde tinha estado há 20 anos atrás numa caminhada a solo de 4 dias também pela neve, a 1ª invernal nos Pirenéus. Na altura um dos momentos mais angustiantes para os meus pais que esperavam pelo meu contacto para me irem buscar e fiquei sem rede nos 4 dias… Pelo que me disseram depois de nos encontrarmos, mais um pouco e iam pedir socorro.

Já eu sabendo bem o que significa caminhar em montanha no inverno, este local tinha as características ideais para nós. Situa-se a cerca de 2000m o que garante a presença de neve (verificado nas webcams); não tem grandes declives ao longo do percurso o que facilita a progressão do Miguel (não foi bem assim…); tem dois refúgios próximos (4kms entre eles) e um deles guardado neste período, o que em caso de emergência é uma segurança; e obviamente é uma zona lindíssima. Veio depois a decisão de ficar a 1ª noite no refúgio Mallafré, sem guarda e a 2ª a acampar. Posteriormente seguiu-se a compra do material adequado para os miúdos que permitisse andarem completamente à vontade na neve (raquetes para o Miguel e roupa específica para os dois) e fazer um check à meteorologia. Este ponto era crucial. O tempo tinha de estar bom, sem vento. Em montanha podem acontecer alterações e temos de estar sempre prevenidos mas convém verificar antes as previsões e diga-se tivemos sorte!

Depois foi só ir. Por mais estranho que possa parecer foi mesmo só ir. É claro que aqui entra a experiência que já tínhamos. Anos e anos de alpinismo a solo e mais recentemente com a Ana; e 4 anos de viagens e acampamentos com bebés e crianças em variadas situações e climas diferentes. É indiscutível a importância destas experiências prévias para a realização deste tipo de actividades. Com crianças e bebés temos de prever até o imprevisível. Nada pode falhar e mais importante que tudo e mesmo sob pressão e enormes preocupações, temos de estar sempre alegres e felizes como se duma grande festa se tratasse. 

Por isto tudo é que no início do artigo digo “Por vezes chegamos a uma altura das nossas vidas em que tudo o que aprendemos e experimentamos se reflecte num determinado momento.” Se me perguntava antes o porquê de andar a subir montes e glaciares sozinho ou andarmos a acampar isolados em nenhures com os nossos filhos ainda bebés, agora já sei. Para um dia os levar ao Parque de Aiguestortes no Inverno e acampar na neve junto a uma fogueira.